Quando uma pessoa que vive com HIV alcança uma carga viral indetectável, isso significa que ela possui uma quantidade tão baixa do vírus em seu corpo que não é mais capaz de transmiti-lo por via sexual. Essa descoberta foi resultado de estudos como o PARTNER1, PARTNER2 e Opposites Attract, que analisaram milhares de casais sorodiferentes.
No entanto, é importante ressaltar que essa relação se aplica apenas à transmissão por via sexual e não inclui amamentação ou transmissão por sangue. Além disso, é necessário que a carga viral seja menor ou igual a 200 cópias/mL no sangue para que a transmissão não ocorra.
No Brasil, considera-se indetectável uma carga viral de até 40 cópias/mL.
Para alcançar a carga viral indetectável, é fundamental aderir corretamente à Terapia Antirretroviral (TARV). Isso significa tomar os medicamentos prescritos nos horários corretos, sem esquecimentos e sem fazer uso de outras medicações por conta própria. A adesão adequada ao tratamento é essencial para que o status de indetectabilidade seja alcançado.

O tempo necessário para atingir a carga viral indetectável pode variar de pessoa para pessoa, podendo levar de 15 dias a 3 a 4 meses, dependendo da resposta individual ao tratamento.
É importante ressaltar que abandonar ou negligenciar o tratamento pode levar à criação de resistência aos medicamentos, assim como ocorre com os antibióticos. Isso reduz a eficácia dos medicamentos e permite que o vírus volte a se multiplicar no organismo. Portanto, é fundamental manter a adesão e seguir corretamente as orientações médicas para garantir os benefícios da carga viral indetectável.
Para saber se você alcançou a carga viral indetectável, é necessário fazer um exame de sangue chamado PCR quantitativo. Esse exame pode ser realizado gratuitamente pelo SUS ou na rede privada por um valor que varia de R$ 800 a R$ 1.000. Os resultados normalmente ficam prontos em cerca de 10 dias.
Caso o exame mostre que a carga viral está realmente indetectável, é recomendado repeti-lo após um período de 6 meses. Mantendo a carga viral indetectável nesse período, o paciente pode optar por abandonar o uso de preservativos nas relações sexuais sem risco de infecção, desde que mantenha adesão ao tratamento.

É importante ressaltar que, embora a carga viral indetectável seja uma evidência de que não há transmissão do vírus por via sexual, ainda não é possível falar em cura para o HIV. O tratamento antirretroviral deve ser mantido ao longo da vida para manter controlada a quantidade do vírus no organismo, prevenindo a transmissão e a progressão para a aids.
Após alcançar a carga viral indetectável por seis meses e manter uma boa adesão ao tratamento, é recomendado realizar exames de check-up semestralmente para verificar se está tudo bem. Entre esses exames, está o de carga viral, que deve ser solicitado no mínimo uma vez ao ano, de acordo com orientação médica. A frequência dos exames pode variar de acordo com as condições individuais de cada paciente.
Além do estigma social que ainda existe em relação ao HIV, alguns fatores podem atrapalhar o tratamento adequado e dificultar o alcance da carga viral indetectável:
- Falta de informação: Muitas pessoas ainda têm pouca ou nenhuma noção sobre o HIV e acreditam erroneamente que é uma realidade distante. A falta de informação pode levar à negligência em relação ao teste e ao tratamento. É importante fornecer informações precisas e atualizadas sobre o vírus e seu tratamento para combater essa falta de conhecimento.
- Medo de se testar: Algumas pessoas evitam fazer o teste de HIV por medo do resultado ou por não acreditarem que precisam se preocupar com a infecção. É essencial desmistificar esses medos e incentivar o teste regularmente, promovendo a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento.
- Desconhecimento sobre o tratamento: Muitas pessoas associam o tratamento do HIV a um grande número de medicamentos e vários efeitos colaterais, o que não é mais uma realidade. É importante esclarecer que o tratamento atual é mais simplificado, com menos medicamentos e menos efeitos colaterais. Superar o medo e a desinformação sobre o tratamento pode ajudar na adesão e no sucesso do mesmo.
- Dificuldades logísticas e financeiras: Algumas pessoas podem enfrentar dificuldades para acessar o tratamento antirretroviral devido a questões logísticas, como dificuldade em obter a medicação ou agendar consultas médicas. Problemas financeiros também podem ser uma barreira para obter a medicação ou deslocar-se para as consultas necessárias. É importante buscar apoio e orientação para superar esses obstáculos.
É fundamental promover a conscientização, o acesso ao teste e ao tratamento e combater o estigma em relação ao HIV para garantir que as pessoas vivendo com o vírus possam alcançar a carga viral indetectável e manter uma vida saudável.
- Use preservativo em todas as relações sexuais, tanto vaginais quanto anais.
- Não compartilhe seringas ou qualquer objeto que possa entrar em contato com sangue.
- Evite o compartilhamento de objetos cortantes, como lâminas de barbear ou agulhas.
- Informe qualquer profissional de saúde sobre sua condição de soropositividade antes de realizar procedimentos médicos invasivos.
- No caso de mulheres grávidas, é importante receber acompanhamento médico especializado para garantir uma gestação saudável e prevenir a transmissão vertical do HIV para o bebê.
- Mantenha uma boa higiene pessoal, como lavar as mãos regularmente e manter uma alimentação saudável para fortalecer o sistema imunológico.
- Fique atento a quaisquer sinais ou sintomas de infecções oportunistas e procure atendimento médico imediatamente se necessário.
É importante lembrar que a carga viral indetectável é o objetivo do tratamento e é alcançada através da adesão adequada às medicações antirretrovirais. Portanto, seguir as orientações médicas, realizar consultas regulares e tomar os medicamentos de forma correta são fundamentais para alcançar e manter uma carga viral indetectável.
Além disso, é importante que o paciente mantenha uma comunicação aberta e honesta com seus parceiros sexuais sobre sua condição de soropositividade. Isso possibilitará a adoção de práticas seguras e a busca por estratégias de prevenção, como o uso de preservativos ou a PrEP, para reduzir o risco de transmissão do HIV.
É fundamental lembrar que a prevenção é uma responsabilidade compartilhada por todas as pessoas envolvidas. A conscientização, a educação e o acesso a métodos eficazes de prevenção são essenciais para reduzir o risco de disseminação do HIV e garantir uma melhor qualidade de vida para todas as pessoas afetadas pela infecção.
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