Aumenta a proporção de trabalhadores brasileiros com 40 anos ou mais

Tem crescido número de profissionais acima dos 40 anos em diversas áreas de ocupação

Maria do Carmo Brito Correa, que está prestes a completar 85 anos, não é uma exceção quando se trata de continuar ativa no mercado de trabalho após a idade tradicional de aposentadoria. Ela atende o público na companhia de água e esgoto do Rio de Janeiro, e sua história é um reflexo de um movimento crescente no país: o aumento do número de pessoas com 40 anos ou mais que continuam trabalhando.

Carinhosamente chamada de Carminha, ela começou sua jornada profissional aos 22 anos e nunca considerou a possibilidade de parar, mesmo após a aposentadoria. “Eu caminho 4h20, chego em casa 5h30, tomo banho, mudo de roupa e venho para o trabalho de ônibus. Agora pergunte se eu cheguei alguma vez atrasada. Não chego. Eu chego no horário”, conta a atendente.

Na agência em que trabalha, localizada no icônico bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, Carminha não está sozinha. Todos os atendentes do local têm mais de 50 anos, resultado de uma decisão da empresa para aumentar a diversidade na equipe. Essa realidade não é única, de acordo com os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De 2012 a 2023, a proporção de pessoas com 40 anos ou mais na força de trabalho do Brasil aumentou de 38,6% para 45,1%. Em números absolutos, isso representa quase 11,5 milhões de trabalhadores a mais nessa faixa etária. Por outro lado, a participação de pessoas entre 18 e 24 anos diminuiu de 17% para 14%, enquanto no grupo de 25 a 39 anos, a redução foi de 40,5% para 38,8%.

O economista Fernando de Holanda Barbosa Filho ressalta que, embora programas de inclusão desempenhem um papel, esse movimento principalmente reflete o envelhecimento da população, conforme evidenciado pelo Censo divulgado em junho. “Tem mais gente na faixa etária de 30, 40 anos do que tinha antes, e menos jovens. Esse grupo aumentou, então é natural que aumente o peso dele no mercado de trabalho”, afirma o economista da FGV Ibre.

No contexto empresarial, as dinâmicas são determinadas pelo mercado e não há lugar para favores. A contratação de profissionais mais experientes, entretanto, é vista como vantajosa para todos os envolvidos: trabalhadores, clientes/consumidores e empresas. Morris Litvak, CEO e fundador da Maturi, destaca que “os trabalhadores maduros podem trazer muita experiência, não só profissional, mas experiência de vida, de pessoas que já passaram por diversas crises, que têm aquela calma para lidar com os problemas porque sabem como é.”

Ainda assim, Litvak ressalta que o preconceito contra profissionais mais velhos, conhecido como “etarismo”, continua sendo uma realidade a ser enfrentada. Ele enfatiza a necessidade de um olhar estratégico, argumentando que, à medida que a população e a força de trabalho envelhecem, é essencial para o futuro das empresas ter essas pessoas contribuindo de forma significativa.

Bianca Ramos de Carvalho, uma executiva comercial de 53 anos, acredita estar na fase mais produtiva de sua carreira. Contratada recentemente para liderar uma rede de cafeterias, ela destaca o valor da experiência acumulada e da disposição para aprender e compartilhar conhecimento. “A cabeça não para. A gente tem a tecnologia hoje a nosso favor. Então, se você usar isso como benefício de adquirir novos conhecimentos, você não só adquire como tem condição de passar esses conhecimentos para outras pessoas.”

Em um cenário de transformações demográficas e valorização da experiência, é evidente que o mercado de trabalho brasileiro está passando por uma evolução notável. O aumento da presença de trabalhadores com 40 anos ou mais não apenas reflete uma população envelhecendo, mas também reconhece a riqueza de conhecimentos que podem ser compartilhados para impulsionar o sucesso das empresas e da economia como um todo.

Com informações do G1.

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