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Xeque-mate para transexuais

O debate atual sobre se as pessoas transexuais devem participar de competições esportivas com o gênero com o qual se identificam no momento é legítimo e tem personalidades fortes, como a tenista Martina Navratilova e até a autora de Harry Potter, JK Rowling, como as vozes mais ativas (contra ex-homens que jogam contra jogadoras que já nasceram mulheres).

Pode-se argumentar que, se uma pessoa cresceu com hormônios masculinos, mesmo depois de fazer a transição e se tornar uma mulher, certos traços físicos herdados do gênero anterior podem dar vantagens para essa pessoa trans. O inverso (ex-mulheres que fizeram a transição para o gênero masculino) é menos controverso. Tudo isso é compreensível. Há questões que precisam ser consideradas para evitar desvantagens para as atletas do sexo feminino. Entretanto, é difícil entender por que o xadrez deveria ser o tipo de esporte que deveria decidir essa questão também…

Além da falta de necessidade de separar os sexos nas competições de xadrez – por que isso é feito? – já que a capacidade cerebral necessária para que as mulheres joguem xadrez é, até onde sei, exatamente a mesma que a dos homens – a Federação Internacional de Xadrez (FIDES), que rege as competições desse “esporte”, fez isso. Mas o pior é que ela decidiu proibir a participação de todas as pessoas transgênero em seus torneios! 

Foto: Reprodução/Pinterest

/A política recém-aprovada determina que as pessoas trans “não têm o direito” de participar de eventos oficiais da FIDE até segunda ordem. Os jogadores que recentemente se assumiram como transgêneros serão colocados numa “seção aberta” por enquanto.

Os homens transgêneros terão todos os títulos retirados se tiverem sido conquistados antes da transição, a menos que, de acordo com o órgão regulador, “a pessoa mude de gênero para feminino e demonstre possuir o cartão de titularidade da FIDE apropriado”. As mulheres transgênero serão banidas de torneios competitivos de xadrez por pelo menos dois anos.

Pessoas trans são as provavelmente mais sofrem preconceito. Geralmente, por não conseguirem se adaptar ao gênero de nascença, são colocadas pra fora de casa bem cedo. Assim, ficam impossibilitadas de se educar direito, de conseguir entrar no mercado normal de trabalho, o que leva muitos a terem que mercar no mundo do sexo para sobreviverem. Se nem xadrez as pessoas trans agora podem jogar… quanto tempo falta para radicais quererem queimá-las na fogueira? 

***O texto acima é de inteira responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal S4.

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