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Juiz de Fora sedia Miss Brasil Gay e Rainbow fest nesse final de semana.

Dois dos principais eventos do Brasil que têm como foco a cultura LGBTQIAPN+ acontecem durante esta semana em Juiz de Fora. A começar com o Rainbow Fest, que completa 25 anos neste ano, e leva para as ruas da cidade diversas atividades culturais já a partir desta terça-feira (15), até domingo (20). Já no sábado (19), acontece o Miss Brasil Gay, no Terrazzo, a partir das 20h, trazendo, além do concurso, performances artísticas, show da Lexa e as festas Stomp e Funhouse fecham a noite. A previsão é que, juntos, esses eventos movimentem R$ 7,5 milhões no município, com a expectativa de recepção de turistas de várias regiões do país.

Juiz de Fora, comumente, é vista como uma cidade à frente no que diz respeito aos direitos da população LGBTQIAPN+, principalmente por aprovar projetos, até então, inéditos, no começo dos anos 2000, que combatiam o preconceito e a discriminação. Isso, de certa forma, se deve à existência de eventos como o Miss Brasil Gay e o Rainbow Fest, que, além de preparar atividades culturais, levantam bandeiras de diversidade e acolhimento. Apesar disso, a cidade foi considerada a segunda com mais crimes contra pessoas LGBTQIAPN+, de acordo com o Painel de Crimes com Causa Presumida LGBTQIA+fobia, do Governo de Minas Gerais. E eventos assim se mostram cada vez mais importantes, para os organizadores.

O próprio Rainbow Fest nasceu a partir da movimentação do Miss Brasil Gay. Idealizado pelo Movimento Gay de Minas (MBM), o evento surgiu vendo que, durante o fim de semana do concurso de beleza, as ruas de Juiz de Fora eram tomadas por drags, principalmente, que percorriam a cidade se preparam para a noite. “Quando chega o Rainbow Fest, nós pegamos essa movimentação que existia na rua e demos forma. Fizemos isso de maneira organizada, com palco, com recursos para as drags se mostrarem, com microfone para dar voz a elas, às reivindicações, aos direitos.

E, aí, sim, os turistas e a população LGBTQIAPN+ se juntam à população em geral, que estava assistindo, vendo aquilo, se divertindo. Isso ajuda a quebrar certo preconceito contra nós”, afirma Oswaldo Braga, organizador do evento.

E, ao olhar o que é o evento nesses 25 anos, Oswaldo identifica que a importância vai mesmo além da festa. “Em todos os momentos do Rainbow Fest a gente teve uma bandeira sendo defendida, uma mensagem que vinha antes do glamour, da beleza e da arte, apesar de a gente sempre defender muito fortemente que está levando para a sociedade uma cultura gay, que muitas vezes fica restrita ao gueto, às boates, à nossa bolha.

E, quando a gente joga a nossa cultura na praça a população em geral toma conhecimento do tipo de arte que fazemos e que, indiscutivelmente, faz parte da cultura brasileira. A gente valoriza as bandeiras da nossa luta e nossa cultura.”

Neste ano, a proposta é ampliar o assunto e trazê-lo através de uma mensagem no tema. “A gente tem percebido que a orientação homossexual ou identidade de gênero de pessoas da nossa história são omitidos. Têm pessoas gays, lésbicas, entre outros, que foram fundamentais em diversas mudanças e invenções no Brasil, e que têm isso omitido na biografia. Então, nós trazemos isso: ‘Aos gays o que é dos gays, às lésbicas o que é das lésbicas’, a gente está chamando atenção para isso. A gente traz esse resgate, essa luta para que essa verdade não seja omitida.”

  • Créditos de Imagem: Jornal Tribuna de Minas/Leonardo Costa

Essa ideia de inclusão de outras bandeiras, inclusive, é a mesma compartilhada pela organização do Miss Brasil Gay, nas 40 edição realizadas e na 41ª, que acontece neste ano. “O Miss Brasil Gay sempre foi um ato político. Nós sempre trabalhamos com a inclusão e a diversidade. Trazer essa diversidade, essa inclusão, dar espaço para todo mundo, e dar o recado à população. O concurso Miss Brail Gay representa muito o momento de uma sociedade”, acredita André Pavam, diretor artístico e coordenador nacional do evento.

Programação artística do Miss Brasil Gay e Rainbow

A proposta se reflete, por exemplo, na própria programação do Miss. Todo ano, André dirige as performances e busca pensar em uma história a ser contada no palco, para além do concurso. Ele adianta que, neste ano, a ideia é falar do que aconteceu até aqui.

Para isso, vão se apresentar a drag Helenna Borgys, vencedora do reality Caravana das Drags, Suzy Brasil, Hellen Marques, Radha Vasconcellos, Alexia Twister, Sayuri Heiwa, Regina de Mônaco, homenageando Rita Lee, Titiago e o Ballroom Kunt JF, comandado por Sol Mourão. “Nossa prioridade é o trabalho com diversidade e inclusão. Dessa forma, o Miss Brasil Gay abre suas portas para o ballroom, trazendo a comunidade para dentro do Miss Brasil Gay.” O espetáculo será apresentado por Ikaro Kadoshi e Sheila Veríssimo.

Já a programação do Rainbow Fest traz em cena nomes da cultura LGBTQIAPN+ que dialoguem com a proposta do evento. “Na programação, a gente traz pessoas da nossa cena que precisam ser vistas na rua e que estão brilhando. A gente homenageia a Fernanda Muller dando seu nome no palco todos os dias. A gente escolhe pessoas da cena e que representam nossa cultura e quem tem a ver com a gente. A gente tenta completar toda nossa sigla no palco”, define Oswaldo.

Neste ano, o Rainbow Fest volta à Praça Antônio Carlos. Ano passado, ele foi realizado no Parque Halfeld. Para Oswaldo, é uma forma de aproveitar a reinauguração da praça. “Nós entendemos que a Praça Antônio Carlos nova foi praticamente construída para eventos como o nosso. A gente se sente muito agradecido por ter um espaço condizente com o que a gente faz.

É um lugar novo. As pessoas estão curiosas para ver como vamos lidar com aquele espaço, trabalhar com a arquitetura, por exemplo. Sem contar que a capacidade de público é bem maior que do Parque Halfeld.” E, mais uma vez, a Parada Gay não vai acontecer. Ela saiu, pela última vez, há dez anos. Oswaldo diz que, em mais um ano, ela não sai por falta de logística e verba insuficiente, mas que espera que ano que vem a parada volte a acontecer.

***O texto acima é de inteira responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal S4.

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