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The Noite 18/07/2023: Sobreviventes de acidentes aéreos da Varig contam suas histórias no The Noite

The Noite recebe sobreviventes de acidentes aéreos da Varig

O The Noite desta terça-feira (18), traz uma entrevista com os sobreviventes de acidentes aéreos da Varig.

O dono do famoso canal “Aviões e Músicas” vem acompanhado de dois sobreviventes de acidentes aéreos, Nilson Zille e Ricardo Trajano. Zille é ex-piloto e sobrevivente do voo Varig 254, enquanto Ricardo é o único passageiro sobrevivente do voo Varig 820. No programa de hoje, Nilson conta sua história e comenta: “era copiloto daquele voo e, detalhe, fui quebrar um galho, porque não estava nem escalado para aquele voo”.

O voo em questão, o 254, se perdeu e caiu na selva Amazônica em setembro de 1989. Zille declara que tentou alertar o comandante por diversas vezes a respeito da rota errada e avalia: “ele era um bom piloto. O problema dele é inerente a qualquer ser humano que acha ‘eu sei tudo’. E nós somos falíveis”.

Ele também revela o que fez quando percebeu que o acidente era inevitável: “faltavam 30 minutos para acabar o combustível e eu fui fazer o que me cabia: encomendar minha alma. Fui bater um papo com Jesus. Não foi ‘Ave Maria’ ou ‘Pai Nosso’. Foi ‘porra, compadre, que merda, hein?! Eu ter trocado o voo…. Mas, tudo bem, obrigado por você ter me permitido realizar meu sonho de infância. Não me faça sentir dor, perdoe o que eu tenha feito na terra e coloque alguém para me receber’”. E diz o que o comandante lhe falou: “ele bateu no meu ombro e disse a seguinte frase: “desculpa, velho, o erro foi meu e a gente se encontra do outro lado da vida”. Ele tremia e suava”.

Sobre boatos da época, responde: “existem certos causos ou mentiras que a gente estava ouvindo jogo de futebol, por isso nós nos perdemos. Gostaria eu de estar escutando jogo de futebol, porque eu teria alguma informação, dessa agulhinha, de alguma localidade. Não estava, porque ele (comandante) não gosta de futebol, nem eu”. E finaliza: “esse acidente aconteceu por um único motivo: falta de humildade”. Lito então completa: “esse tipo de relacionamento copiloto com piloto mudou completamente depois desse acidente. As pessoas compartilham a responsabilidade. Se o copiloto fala um negócio, o comandante é obrigado a ‘opa, tem que ouvir essa opinião aqui’”.

Por serem histórias ímpares e muito bem detalhadas, cada uma ganhará seu devido espaço. Sendo assim, amanhã, 19 de julho, o programa exibe a história de Ricardo. Ele conta que tinha apenas 21 anos na época de seu acidente e fazia sua primeira viagem internacional. “Sobrevivi, mas morreram, infelizmente, 123 pessoas, todos os passageiros. Esse ano faz 50 anos do acidente. Estou no lucro e no crédito da vida há 50 anos”, diz ele. “O laudo saiu um ano e pouco depois, dizendo que foi uma ponta de cigarro no banheiro e eu não acredito e nunca vou engolir isso”, afirma. Ao que Lito ressalta: “a gente não tem, na história, um acidente que tenha ocorrido por causa de uma bituca de cigarro. Mas quando a gente coloca em contexto o que estava acontecendo na época, a ditadura do Médici, as coisas poderiam ser manipuladas. O que eu sei de bastidores é que ele estava carregando um negócio no porão traseiro que não deveria estar carregando, um assento ejetável de um Mirage”.

Contando como sobreviveu, relata: “por puro instinto fui andando para a frente. Os outros passageiros não ligaram pra fumaça. Já tinha visitado a cabine duas vezes, sou curioso e continuo adorando aviação. Quando cheguei lá na frente a fumaça tomou conta de tudo rapidamente. Fiquei encostado na divisória da cabine, em pé e o avião começou a perder muita altura”. E avalia: “acredito que seja sorte, o acaso, uma força divina que com certeza me ajudou e agradeço todos os dias. Eu era atleta, não fumava, tinha um pulmão enorme e isso também me ajudou”. Ricardo diz ainda que foi confundido com outra pessoa e conta: “cheguei ao hospital sem roupa, muito queimado nas costas e fiquei em coma no hospital. Eu tinha o porte físico muito parecido com o do comissário, já tinham algumas pessoas da Varig no hospital falando ‘esse cara é o Sérgio Balbino’, o comissário que tinha morrido. Mas eu era o Sérgio Balbino e o Ricardo estava morto. Meu pai encomendando meu sepultamento e minha mãe era a única pessoa que falava que eu estava vivo”. Sobre o que leva dessa experiência, responde: “comecei a fazer palestras de cinco anos para cá. É muito gratificante a troca com as pessoas”.

Falando sobre a Varig, companhia responsável pelos dois voos relatados, Lito avalia: “quando a gente pega a estatística de todos os Boeing 707 que a Varig teve e a quantidade de acidentes que eles sofreram, ela é uma empresa que, hoje, não voaria. Pelos padrões de hoje. Tinha alguma coisa muito errada. Mas ela não era, assim, insegura”. Ele também reforça: “ela tinha um padrão de excelência, sim. Eu trabalhei na Varig como mecânico, inclusive. Na época tinham algumas coisinhas erradas. A gente nunca pode comparar o passado com o que é hoje. Eu trabalhava de madrugada. Nas noites muito frias de Congonhas às vezes alguns mecânicos davam um “tequinho” naquele conhaque para passar o frio. Isso não existe mais hoje em dia”. E finaliza: “a aviação aprende muito com acidentes e, por isso, ela é tão segura hoje”.

O The Noite começa logo após mais uma edição do Programa do Ratinho, não perca!

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