Recuo na prévia do PIB pode indicar desaceleração da economia no segundo semestre
Resultado do IBC-Br veio abaixo do esperado para o mês de maio
Na última segunda-feira (17), o resultado divulgado pelo Banco Central para o IBC-Br, que serve para medir a atividade econômica do país, e é considerado como a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), foi recebido de forma inesperada pelo mercado, em meio a um forte recuo.
Os dados para maio indicaram uma retração da economia brasileira de 2,0% na comparação com o mês anterior, quando registrou um crescimento de 0,56%. A surpresa veio pouco mais de um mês depois do IBGE divulgar o PIB do primeiro trimestre, que chegou a um crescimento de 1,9%.
Desde então, as projeções eram mais animadoras, e fizeram até mesmo com que o governo e analistas divulgassem novas estimativas para o final do ano. O mercado financeiro também revisou as suas projeções no Boletim Focus desta semana, aumentando as projeções do PIB de 2,19% para 2,24% em 2023.
Entre membros do governo, o desempenho para maio era esperado de acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Para ele, a desaceleração requer preocupação e pode ser justificada devido ao patamar dos juros reais mais elevados.
Na visão do ministro, a postura adotada pelo Banco Central com relação à taxa Selic tem tido impacto direto no desempenho da economia e na retração apontada na última prévia do PIB.
Cautela no segundo semestre
Uma continuidade do IBC-Br em patamares negativos como o registrado em maio pode significar uma queda ainda maior para o PIB cheio nos próximos trimestres, o que causaria um grande impacto em diversos setores da economia.
Segundo o ministro da Fazenda, o tom adotado pelo BC nas próximas reuniões do Copom serão determinantes para saber quais serão os próximos desafios da economia do país. “A gente precisa ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas forem mantidas na casa de dez [pontos percentuais], é muito pesado para a economia”, afirmou ele em entrevista à jornalistas.
A queda em maio foi a maior para o IBC-Br desde 2021, e a pior marca para o mês em cinco anos, quando caiu 3,08% em maio de 2018. No primeiro trimestre deste ano a economia brasileira havia crescido 2,41%, segundo o índice do BC.
Neste segundo semestre, o governo federal espera que novos programas anunciados desde o início do ano apresentem efeitos para estimular novamente a economia brasileira, como o programa para a compra de carros populares e o Desenrola Brasil, dois pilares para incentivar o consumo no país.
Ainda assim, o cenário de cautela tem prevalecido para o segundo semestre, com o próprio Banco Central indicando no seu Relatório Trimestral de Inflação, para uma possível desaceleração nos últimos seis meses do ano, com uma influência forte do agronegócio.
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