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Papa Francisco abre possibilidade de bênção a casais do mesmo sexo

Papa Francisco também sugeriu que a Igreja Católica deveria estudar a possibilidade de ordenar mulheres ao sacerdócio

Em resposta a cardeais conservadores, o Papa Francisco sugeriu pela primeira vez que casais do mesmo sexo poderiam receber a bênção de padres católicos “caso a caso”. Ele também indicou que, embora seja uma possibilidade remota, a ordenação de mulheres ao sacerdócio deveria ser objeto de estudo.

Os cinco cardeais – Walter Brandmuller, Raymond Leo Burke, Juan Sandoval Íñiguez, Robert Sarah e Joseph Zen Ze-kiun – enviaram uma carta a Francisco em 10 de julho, e a resposta foi dada no dia seguinte. No entanto, as respostas a esses temas não estavam em conformidade com o protocolo, que exige que o Papa responda “sim” ou “não” a perguntas ou dúvidas.

ENCONTRO NO VATICANO

A carta em foco tratava do próximo Sínodo, uma convenção mundial de bispos que atuam como conselho consultivo do pontífice, marcada para acontecer entre 4 a 29 de outubro. Ela abordava o impacto que as decisões dessa convenção poderiam ter no futuro do catolicismo, bem como questões relacionadas à intenção do Papa de abençoar uniões do mesmo sexo e abrir a possibilidade de ordenação para mulheres sacerdotes.

Segundo uma publicação no blog do cardeal norte-americano Raymon Burke, os religiosos não ficaram satisfeitos com a resposta do Papa e, por isso, reformularam a carta, que foi enviada novamente em 21 de agosto.

Em 25 de setembro, o Vaticano publicou uma carta assinada pelo cardeal Víctor Manuel Fernández, novo chefe de doutrina da instituição, que incluía as respostas do Papa à carta, embora não na forma devida. Essa parte da carta estava assinada como “Francisco”.

O próximo Sínodo foi recebido com ceticismo por parte dos setores conservadores da religião, que expressaram preocupação tanto com o fato de as mulheres terem voz na votação quanto com a possibilidade de que os ensinamentos da Igreja não sejam aplicados por consenso.

UNIÃO DE CASAIS HOMOSSEXUAIS

Em relação às uniões homossexuais, o Papa reiterou que a Igreja só reconhece o casamento como a união entre um homem e uma mulher. No entanto, ele abriu a possibilidade de abençoar pessoas em uniões do mesmo sexo.

“Quando você pede uma bênção, você expressa um pedido de ajuda de Deus, uma oração para poder viver melhor, uma confiança num pai que pode ajudá-lo a viver melhor”, escreveu o papa. Segundo o líder da igreja católica, o clero deve mostrar “prudência pastoral” para discernir de forma adequada se existem formas de bênção, solicitadas por uma ou mais pessoas, que não transmitem uma concepção errônea de casamento.

Essa resposta aparentemente contradiz sua declaração anterior no início do ano, quando ele afirmou que a Igreja não poderia abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo porque “não podia abençoar o pecado”.

O mais recente desenvolvimento parece ser uma referência a uma decisão tomada pela Igreja alemã em março e realizada em agosto, na qual as uniões do mesmo sexo receberam uma bênção católica de vários padres na cidade de Colônia.

MULHERES COMO SACERDOTES

Quanto à ordenação de mulheres, o Papa Francisco apoiou as palavras do falecido Papa João Paulo II, que afirmou em 1994 que o catolicismo “não tinha autoridade” para ordenar mulheres. No entanto, ele indicou que a questão deveria ser mais profundamente estudada.

“Se as consequências práticas destas distinções não forem compreendidas e traçadas, será difícil aceitar que o sacerdócio está reservado apenas aos homens e não seremos capazes de reconhecer os direitos das mulheres ou a necessidade delas participarem, em vários caminhos, na direção da Igreja”, concluiu.

Sobre o impacto que o próximo encontro dos bispos católicos pode ter na religião, Francisco foi mais vago. “Tanto a hierarquia como todo o povo de Deus, de diferentes maneiras e em diferentes níveis, podem fazer com que a sua voz seja ouvida e faça parte do caminho da Igreja. Neste sentido, podemos dizer que sim, a sinodalidade, como estilo e dinamismo, é uma dimensão essencial da vida da Igreja”.

Ele também acrescentou que tentar “sacralizar ou impor uma determinada metodologia sinodal que agrade a um grupo, transformando-a em norma e caminho obrigatório para todos só levaria ao ‘congelamento’ do caminho sinodal”.

***O texto acima é de inteira responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal S4.

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