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Os Peladões Universitários Não Serão Punidos?!

Universidade lança nota explicando o que vai fazer...

Trotes são uma prática que remonta à Idade Média europeia. Mas o Brasil incrementou essa prática com toques de perversidade e muito exagero. Uma espécie de farra do boi com jovens calouros. O exercício de um sadismo escondido que se revela sob a desculpa de que é uma tradição.

É incompreensível por que as universidades não acham uma maneira de impedir que esses abusos sejam cometidos. Que estabeleçam regras claras de como os trotes podem acontecer: com o uso de tintas, água, fantasias, tarefas engraçadas sem degradar a dignidade de ninguém, competições saudáveis. O dia do trote é uma oportunidade de calouros e veteranos se conhecerem. O objetivo original era criar um ambiente de amizade para que os veteranos pudessem guiar os novos estudantes, mostrar os truques e segredos do dia a dia na universidade. Não era para virar uma sessão de torturas.

No entanto, mesmo com a ampla divulgação do chamado “Punhetaço” de estudantes de Medicina – e da avalanche de outras histórias acontecidas em trotes de várias universidades que vieram à tona -, as punições têm sido tímidas e seletivas. Nem de perto chegando nos “mandantes do crime”, ou seja, os veteranos que colocaram os calouros nas situações obscenas.

A Faculdade São Camilo decidiu levar em conta a incapacidade de achar todos os culpados e, assim, não punir apenas alguns dos comprovadamente culpados.

Aqui está a íntegra da nota emitida pela instituição:

Entendemos que tais atitudes merecem atenção, uma vez que a exposição pública de suas imagens pode comprometer suas carreiras como futuros profissionais da Saúde. Nossa vocação pela formação técnica e humanista nos leva a mantê-los em nosso corpo discente, submetidos a medidas socioeducativas.


Para além disso, seria injusto da nossa parte expulsarmos apenas alguns e deixarmos outros que poderiam ter participado dessas ações, mas não apareceram nas imagens divulgadas. Não queremos ser precipitados a partir de julgamentos feitos no calor dos acontecimentos, e que muitas vezes levam a erros irreversíveis.


Também levamos em conta que esse comportamento não é exclusivo de apenas uma dezena de alunos. É uma questão estrutural, que precisa ser mudada de forma eficaz, mesmo que tais ações aconteçam em espaços externos à universidade.


Da nossa parte, colocaremos o Departamento de Psicologia da instituição à disposição dos alunos, e estes doarão parte de seu tempo livre para projetos sociais voltados às populações vulneráveis.


Também consideramos essencial o desenvolvimento de um trabalho com os alunos de todos os cursos, para que entendam a sua importância para a sociedade e o alcance de atitudes impensadas sobre suas vidas nos campos social e profissional. A Reitoria decidiu, ainda, pela suspensão da participação dos alunos do curso de Medicina de quaisquer competições esportivas por tempo indeterminado.


Ressaltamos, oportunamente, que os trotes são proibidos no Centro Universitário São Camilo. Continuamos atentos e analisando todas as situações à luz do nosso Regulamento de Medida Disciplinar Interno. Essa é a nossa contribuição para termos um ambiente acadêmico mais saudável para todos, e mudarmos definitivamente esses comportamentos. Somos educadores e vamos cumprir nosso papel na transformação dessa cultura.


Atenciosamente, Reitoria Centro Universitário São Camilo

Constrangimento, humilhação, ataques escatológicos e até ameaça ao futuro da carreira são situações recorrentes vividas por calouros de medicina durante trotes aplicados por veteranos, como mostrou reportagem do Fantástico exibida neste domingo passado. O Fantástico mostrou uma série de vídeos com trotes humilhantes em universidades. Em um deles, estudantes são obrigados a correr em uma roda com fogos de artifício soltando faíscas.

A polêmica sobre trotes em faculdades de medicina veio à tona após vídeos com cenas de nudez durante uma competição esportiva que aconteceu no interior de São Paulo em abril viralizarem na semana passada. A repercussão causou a expulsão de 15 alunos de medicina da Unisa.

***O texto acima é de inteira responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal S4.

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