O espetáculo “A Filha da Virgem”, monólogo com texto e atuação de Wanderlucy Bezerra, faz temporada no Teatro Candido Mendes, em Ipanema
Com direção de Sandra Calaça e Leo Carnevale e supervisão de Luiz Carlos Vasconcelos, a peça autobiográfica relembra episódios importantes da vida da atriz pernambucana, sua relação com os pais, com a arte, além de compartilhar, com leveza, seus traumas, dores e frustrações
A atriz Wanderlucy Bezerra cresceu em uma cidade do interior de Pernambuco, com muito carinho das duas mães adotivas que teve, mas desde cedo conheceu as adversidades da vida: “pobre”, “nordestina”, “adotada”, “dentuça” e “feia” foram alguns dos muitos adjetivos recebidos na infância. Teve momentos de tristeza e depressão, mas nunca deixou de sonhar com dias melhores e em construir uma carreira de atriz. E é nessa mistura agridoce de uma vida de conquistas e adversidades que ela escreveu “A Filha da Virgem”, monólogo autobiográfico em que atua sob direção de Sandra Calaça e Leo Carnevale e supervisão de Luiz Carlos Vasconcelos. Depois de algumas apresentações no ano passado, a peça faz sua primeira temporada no Teatro Candido Candido Mendes, em Ipanema, de 04 a 26, com debates após as sessões com a participação de psicólogos, psiquiatras, terapeutas e outros especialistas. O espetáculo tem patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ 2.
Radicada no Rio de Janeiro desde 2008, Wanderlucy sempre acreditou que sua história poderia virar uma peça, pois representa a vida de muitas mulheres brasileiras. Uma de suas principais motivações ao escrever o espetáculo foi sensibilizar os pais e responsáveis sobre a responsabilidade de se educar uma criança e perceber os indícios de abusos na infância. Abandonada pelos pais biológicos, a atriz teve duas mães adotivas. Seu caráter foi construído com a educação rígida da sua segunda, uma mulher estéril, deixada pelo marido, manicure e criadora de porcos, mas que deu muito amor para essa única filha. Esses cuidados não foram suficientes para, naquele ambiente, evitar os abusos sofridos pela criança.
“Desejo alertar os pais, avós, tios, cuidadores de crianças e adolescentes para que tenham um olhar mais aguçado e percebam quando alguém está tendo um comportamento abusivo com elas. As crianças, muitas vezes, se sentem culpadas e não relatam ou nem percebem o abuso que sofrem”, comenta a autora. “Quero compartilhar a minha história de vida que também é a de tantas outras mulheres e homens (nordestinos ou não), que já passaram por abuso sexual, abandono de pais, bullying na infância, preconceitos em geral, mas, apesar de tudo e todos, lutam a cada dia para que suas cicatrizes da alma não apaguem seu brilho e força interior”, acrescenta.
O espetáculo intercala cenas biográficas com danças, músicas e expressões populares que fizeram parte da vida de Wanderlucy Bezerra naquele ambiente rico da cultura popular nordestina. “Criamos um espetáculo diverso, que é costurado através das danças, histórias e músicas da cultura popular, para tratar de assuntos como xenofobia, violência sexual na infância, violência sexual com a mulher, pedofilia, aborto, adoção, gravidez, família, machismo, entre tantos outros”, reforça a diretora Sandra Calaça. “O espetáculo fala de nós todos. Certamente, o público vai se identificar em algum momento, ou até mesmo vários. É uma história que abre portas para múltiplas discussões, por isso pretendemos convidar profissionais da área de psicologia, psiquiatria, psicanalistas, advogados, entre outros, para debates ao final das sessões”, completa o diretor Leo Carnevale.
Sobre Wanderlucy Bezerra
Atriz desde 1993 e dançarina de danças populares desde 1997. TEATRO: Monólogo “A Filha da Virgem”, online, Lei Aldir Blanc – SECEC/RJ, 2021; “Cabaré Praça Onze – Musical” – RJ, 2011; “A Feira” – RJ, 2011; “Cegonha Boa de Bico” – PE, Melhor atriz coadjuvante, Festival Janeiro de Grandes Espetáculos, Recife, 2007; “Quadrilha, um Romance Sertanejo” – PE, 1999 a 2002; “À Linda Rosa” – Cia. Aérea de Teatro – RJ, 1993/1995. CINEMA: “Chacrinha, O filme”; “Fala sério, Mãe!”; “Apaixonados – O filme”; “Divã 2”; “O Duelo”; “5 VEZES FAVELA, agora por nós mesmos”; “Baixio das Bestas”; “Árido Movie”; “Central do Brasil”. TV: “Mar do Sertão” – Globo; “A Dona do Pedaço” – Globo; “Amor sem Igual” – Record; “Sob Pressão” – Globo; “Assédio” – Globo; “Odeio Segundas” – GNT; “Os Homens são de Marte e é pra lá que eu vou” – GNT; “As Brasileiras” – Globo. DANCA: Projeto Passos Brincantes, 2021, Lei Aldir Blanc, SMC Rio de Janeiro, online; Aulas de dança popular, Cultura Presente nas Redes SECEC/RJ 2020, online; “Andanças de um Só-L” – Solo de dança popular, Europa, 2007.
Sobre Luiz Carlos Vasconcelos
Paraibano de Umbuzeiro, ator, diretor e palhaço (palhaço Xuxu), fundador da Escola Piollin de João Pessoa, estudou no Laboratório Internacional de Atores do Odin teatret da Dinamarca entre 1988 e 1989. Grupo de Teatro. Realizou o 1º Festival de Palhaços da Paraíba em 1983; o II Encontro de Palhaços, 1997, e O Riso da Terra–Encontro mundial de Palhaços em 2001. Como ator de cinema participou de: “Marighella”, de Wagner Moura (2021), “Baile perfumado”, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas (1997), “O primeiro dia”, de Daniela Thomas e Walter Salles, “Eu, tu, eles”, de Andrucha Waddington, “Abril Despedaçado” de Walter Salles e no longa “Carandiru”, de Hector Babenco, “MUTUM” de Sandra Kog, “O Romance do Vaqueiro Voador” de Manfredo Caldas. Como diretor de teatro, adaptou e dirigiu a montagem de “Vau da Sarapalha” de um conto de Guimarães Rosa, com o Piollin Grupo de Teatro. Em 2010, dirigiu o espetáculo “Retábulo”, da obra de Osman Lins, com o Piollin.
Sobre Sandra Calaça
Atriz, diretora, preparadora de elenco, produtora. Nordestina, radicada no Rio de Janeiro há 22 anos. Fundou em 2003 o Grupo Quadrante e em 2009 a PROJÉTEIS – Cooperativa Carioca de Empreendedores Culturais. Diretora do Projeto Trilogia da Loucura sobre os artistas Van Gogh, Camille Claudel e Marquês de Sade. No cinema desde 2012, trabalha na preparação de atores. Seu curta-metragem “O Vulto” foi premiado nacionalmente e internacionalmente. Diretora das Performances “CUNIS Á’CQUA”, no Festival MOLA / Circo Voador e “Em meu diário há girassóis pintados” na BiblioMaison. Como atriz atuou em diversos espetáculos, como “Nordestinos”, direção do Tuca Andrada e texto de Walter Daguerre; “Quase tudo”, direção de Lucianno Maza; “Benditos Poetas”, de Rimbaud e Verlaine, direção de Maristela Trindade; de 1999 a 2000, atuou na peça “Parece Pinter” com textos de Harold Pinter e Renata Mizrahi, “O Círculo de Giz Caucasiano”, de Bertold Brecht, com direção de Paula Sandroni / Grupo F. Privilegiados.
Sobre Leo Carnevale
Ator, diretor, palhaço, mágico e produtor cultural, Leo Carnevale iniciou sua carreira em 1987. Apurou o trabalho cênico com vários mestres da arte cômica como: Sue Morrison (Canadá) Tortell Poltrona (Espanha), Chaco Vacchi (Argentina), Loco Brusca (Espanha), Marcio Libar (Brasil), Leris Colombaioni (Itália), e outros. Criou os projetos Passeios de Quarta, Boa Praça e Solos de Quintal, e participa como ator do projeto Corsário Carioca. Montou os espetáculos “Pulitrica” (2005, premiado), “Varadouro” (2007), em parceria com o Grupo O Imaginário, e “Vem que Tamú Chegando” (2007). Participa do Conselho de Administração do CBTIJ e criou o Núcleo de Teatro de Rua do CBTIJ – Boa Praça. Dirigiu vários espetáculos como “Balaio de Saias”, “As Três Marias” e fez parte do elenco da noite de variedades do espaço do Teatro de Anônimo, intitulado “Noites de Parangolé”.
Ficha técnica
Supervisor de direção: Luiz Carlos Vasconcelos
Texto e atuação: Wanderlucy Bezerra
Direção artística: Sandra Calaça e Leo Carnevale
Direção de movimentos: Juliana Manhães
Direção de manipulação: Márcio Nascimento
Direção musical: Marcelo Alonso Neves
Preparação vocal: Jane Celeste e Carolina Sanches
Cenário e figurino: Natália Fonseca
Iluminação: Paulo Denizot
Fotografia e programação visual: Victor Hugo Cecatto
Assessoria de imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
Voz da mãe: Cyria Coentro
Voz do pai: Luiz Carlos Vasconcelos
Vozes: Ana Carolina Martins, Angela Rodriguez, Anísio Brahim, Carlos Lima, Cíntia de Carvalhães, Eva Maria Mora Rojas, Fábio de Lima, Fabio Queiroz, Junior Prata, Maria Tereza Monteiro, Tiago Veiga
Direção de produção: Maria Ines Vale Produções
Coordenação geral: Wanderlucy Bezerra
Realização: Pororoca Produções
Serviço:
A Filha da Virgem
Temporada: 04 a 26 de abril
Teatro Candido Mendes: Rua Joana Angélica, 63, Ipanema – Rio de Janeiro -RJ
Telefone: (21) 3149-9018
Dias e horários: terças e quartas, às 20h
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
Duração: 1h
Classificação etária: 16 anos
Capacidade de público: 103 pessoas
Funcionamento da bilheteria: de terça a domingo, abertura duas horas antes do espetáculo
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