Indicado em cinco categorias dos prêmios APTR e Cesgranrio, o monólogo “Tráfico” faz nova temporada, a partir de 11 de julho, no Teatro Poeira, em Botafogo

Com texto do premiado autor uruguaio Sergio Blanco e direção de Victor Garcia Peralta, o ator Robson Torinni vive um garoto de programa e matador de aluguel em seu segundo espetáculo do dramaturgo. Peça teve lotação esgotada no Poeirinha durante toda a temporada em maio e junho

Eros e Thanatos, deuses mitológicos que na psicanálise correspondem ao desejo erótico e ao fascínio pela destruição, vivem simultaneamente em todo ser humano. É a partir desse entendimento de coexistência entre as pulsões de vida e de morte que se desenrola “Tráfico”, monólogo do franco-uruguaio Sergio Blanco que, depois de lotar o Poeirinha em maio e junho, faz nova temporada, agora na sala maior do Teatro Poeira, a partir de 11 de julho. Com direção de Victor Garcia Peralta, o espetáculo foi idealizado pelo ator Robson Torinni, que entra em cena como um garoto de programa que acaba se tornando um matador de aluguel diante da falta de oportunidades na vida. O espetáculo repete a bem-sucedida parceria entre autor, diretor e ator, depois de “Tebas Land” (2018), que fez temporadas premiadas no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Tráfico” foi indicado a cinco prêmios de teatro: Prêmio APTR nas categorias Melhor Ator (Robson Torinni), Melhor Iluminação (Bernardo Lorga) e Melhor Direção de Movimento (Toni Rodrigues) e Prêmio Cesgranrio nas categorias Melhor Ator (Robson Torinni) e Melhor Iluminação (Bernardo Lorga).

A peça se passa na periferia de uma cidade latino-americana, cheia de desigualdades, onde vive Alex, um jovem garoto de programa. Os problemas familiares, o relacionamento conturbado com a sua namorada e a vontade de vencer na vida, representada pelo sonho de comprar uma moto de alto luxo, o levam para caminhos sedutores e também muito violentos. A partir de uma paixão, a história invade as áreas mais sombrias da vida desse personagem que, paralelamente à sua profissão de garoto de programa, se tornará um assassino de aluguel. Aos poucos começa a surgir uma trama fascinante que mistura a narração dos seus encontros, sonhos e seu dia a dia. Ao longo da peça, Alex vai se desnudando, expondo o seu lado mais ingênuo e mostrando o seu lado mais monstruoso.

“A peça fala sobre pessoas sem chances na vida, que acabam tendo que seguir caminhos violentos, da corrupção dos poderosos e da hipocrisia de um grupo de progressistas”, define Victor Garcia Peralta. “A história de Alex é a história de muitos no Brasil. Pessoas pobres, frutos de um sistema que não lhes dá oportunidades, que sofrem violência familiar, morte de pais, e precisam se virar muito cedo na vida”, acrescenta o diretor. 

No espetáculo, Sergio Blanco investe mais uma vez na autoficção, gênero pelo qual ficou conhecido, que mistura relatos reais com invenção, verdade e mentira. A peça começa com o ator Robson Torinni explicando ao público que vai contar a história de Alex. Trechos da vida do dramaturgo também aparecem na criação de um professor universitário que leva seu nome, se envolve com Alex e ganha o apelido de “o francês”. É ele quem encoraja Alex a entrar no mundo do crime. Pela primeira vez Robson Torinni estará sozinho em cena, como Alex, que, ao lado de sua moto (e sonho de consumo), alterna relatos de encontros sexuais com outros de grande violência, e dá voz a todos os outros personagens da trama. 

“Foi o próprio Sergio Blanco quem me mostrou o texto, sugerindo que eu montasse. O maior desafio deste projeto é não ter outro ator para trocar em cena. É a minha primeira experiência em um solo, então estou aprendendo a jogar com a plateia. O texto me tocou bastante desde a primeira vez em que li, por falar sobre uma pessoa que, pelas circunstâncias de uma vida periférica sem oportunidades, não conquista nada e segue pelo caminho do crime. A partir daí, a peça toca em vários temas como desejo, sonho, criação, solidão, sexualidade, vício, separação, falta de esperança, beleza, traição e crime”. 

Sobre Sergio Blanco

Diretor e dramaturgo, o franco-uruguaio Sergio Blanco viveu sua infância e adolescência em Montevidéu e atualmente reside em Paris. Depois de estudar filologia clássica, decidiu dedicar-se inteiramente à escrita e à direção de teatro. Suas peças receberam vários prêmios, entre eles, o Prêmio Dramático Nacional do Uruguai, o Prêmio Drama da Inauguração de Montevidéu, o Prêmio Nacional do Fundo de Teatro, o Prêmio Florêncio de Melhor Dançarino, o Prêmio Internacional Casa de las Américas e Prêmios Best Text Theatre na Grécia. Em 2017, sua peça “Tebas Land” recebeu o prestigiado British Award Off West End em Londres. Sua obra foi incorporada ao repertório da Comédia Nacional do Uruguai em 2003 e 2007, com as peças “.45’” e “Kiev”. Entre seus títulos mais conhecidos estão “Slaughter”, “.45’”, “Kiev”, “Opus Sextum, diptiko (vol 1 e 2)”, “Barbarie”, “Kassandra”, “Tebas Land”, “A ira de Narciso” e “Quando você passa sobre meu túmulo”. Várias de suas obras foram publicadas em seu país e no exterior. 

Sobre Victor Garcia Peralta 

Formado no Piccolo Teatro di Milano sob a direção de Giorgio Strehler. Trabalhou em Buenos Aires como ator e diretor em diversos espetáculos. No Brasil, dirigiu o sucesso de público “Os homens são de Marte… E é para lá que eu vou!” (com Mônica Martelli). Também foi responsável pela direção dos espetáculos “Não sou feliz, mas tenho marido” (com Zezé Polessa), “Decadência” (de Steven Berkoff, com Beth Goulart e Guilherme Leme), “Tudo que eu queria dizer” (de Martha Medeiros, com Ana Beatriz Nogueira) e “Quem tem medo de Virginia Woolf?” (de Edward Albee, com Zezé Polessa), “A Sala Laranja: no Jardim de infância” (Victoria Hladilo), “Tebas Land” (Sergio Blanco), pelo qual recebeu o prêmio de melhor direção pelo Botequim Cultural. Na televisão, dirigiu “Alucinadas” (Multishow) e “Gente lesa” (GNT).

Sobre Robson Torinni

Participou de alguns trabalhos no cinema, teatro e televisão. Iniciou sua trajetória na Escola de Atores Globe-SP, passando pela Oficina de Atores da Rede Globo e Escola de Atores Wolf Maya. Formou-se como Bacharel em teatro no Rio de Janeiro e sua primeira produção foi “A Sala Laranja”, seguida pelo premiado espetáculo “Tebas Land, que lhe rendeu o prêmio Botequim Cultural de Melhor Ator e duas indicações a Melhor Ator pelo Prêmio Cesgranrio e pelo Prêmio Cenym.

Ficha técnica

Texto: Sergio Blanco

Atuação: Robson Torinni

Direção: Victor Garcia Peralta

Adaptação: Robson Torinni e Victor Garcia Peralta 

Direção de Arte: Gilberto Gawronski

Iluminação: Bernardo Lorga

Sonoplastia: Marcello H.

Direção de Movimento: Toni Rodrigues

Assessoria de imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)

Direção de produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela 

Produção Executiva: João Eizô Y. Saboya

Idealização: Robson Torinni e Victor Garcia Peralta

Serviço:

Tráfico

Temporada: De 11 de julho a 23 de agosto de 2023.

Teatro Poeira: Rua São João Batista, 104 – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ

Telefone: (21) 2537-8053

Dias e horários:  terça e quarta, às 20h.

Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada)

Lotação: 145 pessoas

Duração: 1h20 minutos

Classificação: 18 anos

Venda de ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/84087/

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