Futebol

ESPN suspende jornalistas após programa sobre presidente da CBF e gera crise nos bastidores

Linha de Passe repercutiu reportagem da Piauí sobre Ednaldo Rodrigues, e decisão da ESPN causou desconforto interno e rumores de pressão externa

A ESPN virou o centro de uma nova polêmica envolvendo futebol, liberdade de imprensa e poder. Após exibir na última segunda-feira (7) uma edição do Linha de Passe totalmente dedicada à reportagem da revista Piauí sobre o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o canal suspendeu por um dia todos os jornalistas que participaram do programa — e a decisão agitou os bastidores da emissora.

CBF incomodada, ESPN silenciosa

Segundo apuração do jornalista Gabriel Vaquer, da coluna F5, a CBF não gostou do conteúdo exibido pela ESPN e fez chegar sua insatisfação até os altos comandos do canal esportivo pertencente à Disney. A entidade, no entanto, nega qualquer interferência ou pedido de explicações formais.

Mesmo assim, os profissionais Dimas Coppede, Gian Oddi, Paulo Calçade, Pedro Ivo Almeida, Victor Birner e William Tavares foram afastados por 24 horas. O programa também não teve nenhum trecho divulgado nas redes sociais da ESPN, e sua exibição foi restrita ao Disney+.

Decisão interna ou pressão externa?

A justificativa oficial da ESPN é que o conteúdo foi ao ar sem prévio alinhamento com o comando de jornalismo. Ainda assim, nos bastidores, a suspensão foi vista como uma represália à abordagem crítica do Linha de Passe sobre Ednaldo Rodrigues — o que reacendeu o debate sobre a autonomia editorial da emissora diante de entidades poderosas como a CBF.

Galvão Bueno também entrou na mira

A irritação de Ednaldo Rodrigues não se limitou à ESPN. Segundo interlocutores, o presidente da CBF também ficou incomodado com Galvão Bueno, que, na Band, pediu publicamente ao Ministério Público que investigasse os temas abordados pela Piauí.

“O Ministério Público tem a obrigação de abrir investigação sobre isso. Ministério Público, por favor, em nome do futebol brasileiro!”, disparou Galvão ao vivo.

Embora não tenha havido reação formal à fala do ex-narrador, fontes indicam que houve desconforto nos bastidores da entidade.

Clima tenso e bastidores em ebulição

A ESPN não respondeu oficialmente sobre a suspensão até a última atualização da reportagem. A expectativa é que os jornalistas afastados retornem à bancada ainda nesta quarta-feira (9). Nos corredores da emissora, há revolta com a forma como a direção tratou o caso, e muitos questionam se a liberdade editorial estaria sendo comprometida.

CBF nega interferência, mas clima de censura paira no ar

Em nota, a Confederação afirmou que “respeita a liberdade de imprensa com responsabilidade” e negou qualquer tipo de solicitação à ESPN. “Qualquer narrativa diferente desta é mentirosa e leviana”, concluiu.

A suspensão acende um sinal de alerta: até onde vai a autonomia da imprensa esportiva no Brasil quando o assunto é a CBF? E o que levou uma das maiores emissoras do país a tirar do ar um time inteiro de comentaristas após um programa crítico?

No meio do campo entre política e jornalismo, a ESPN agora tenta manter a posse da bola — mas sob os olhares atentos de torcedores, jornalistas e do próprio Ministério Público.

***O texto acima é de inteira responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal S4.

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