Espalha Brasa – Zequinha de Abreu na Viola Caipira
A cidade de Santa Rita do Passa Quatro, no interior de São Paulo, é o elo entre Caio de Souza e Zequinha de Abreu. O compositor de “Tico-Tico no Fubá” é conterrâneo de Caio – violeiro, compositor e pesquisador em Etnomusicologia, na Indiana University, nos EUA. Estudioso da obra de Zequinha desde 2013, Caio de Souza reúne seu quarteto e lança “Espalha Brasa – Zequinha de Abreu na Viola Caipira” – disponível a partir de 26 de maio, nos aplicativos de música, com distribuição da Tratore. E, para celebrar a estreia deste primeiro trabalho fonográfico, o Caio de Souza Quarteto faz show, dia 2 de junho, no Lupe Bar, em São Paulo; e, dia 15 de junho, na Casa do Choro, no Rio de Janeiro.
Produzido por Caio de Souza e Rodrigo Carneiro, o novo trabalho é uma homenagem a Zequinha de Abreu e resgata pérolas de seu cancioneiro adaptadas à viola caipira. Em formação regional do choro, com Cláudio Martins (pandeiro), Emerson Bernardes (cavaquinho) e Rodrigo Carneiro (violão 7 cordas), o disco é composto por oito faixas, entre choros, sambinhas, valsa, chamamé e maxixes, que ganham o acento interiorano com a viola de Caio de Souza.
Conhecido mundialmente, Zequinha de Abreu compôs cerca de 120 músicas – entre sambas, maxixes, valsas, foxtrote, polcas e outros ritmos característicos do universo do choro – muitas delas ainda desconhecidas. O autor teve sua obra amplamente divulgada no exterior por Carmem Miranda, nos anos 1940. A música “Tico-Tico no Fubá” está entre uma das mais gravadas em todo o mundo.
FAIXA A FAIXA
Por Caio de Souza
Zombando Sempre (Zequinha de Abreu) Sambinha: “Zombando Sempre” é um sambinha, assim chamado pelo compositor. A primeira vez que escutei essa música foi através de uma gravação da pianista Eudóxia de Barros e prontamente me apaixonei pela singela melodia, que caiu como uma luva ao som da viola caipira.
Doce Mentira (Zequinha de Abreu / Príncipe dos Sonhos) Valsa: Zequinha de Abreu foi um grande compositor de valsas. A sua mais conhecida é “Branca”. Durante a pesquisa de repertório para a gravação deste álbum, me deparei com “Doce Mentira”, essa valsa em ré maior com um sotaque pra lá de caipira.
Cada Macaco no Seu Galho (Zequinha de Abreu / Dino) Sambinha carnavalesco: Um sambinha carnavalesco que, ao ser tocado na viola, fica com um sabor de samba caipira, acompanhado por um regional de choro. Esta faixa traduz um pouco a proposta deste álbum, ao aproximar a viola caipira como um instrumento solista do chorinho.
Cheguei Pessoá (Fernando Deghi) Chamamé: Essa foi uma das primeiras músicas que aprendi na viola caipira. Um chamamé dançante, que combinou com a formação de regional de choro e dialoga com o espírito do sertão proposto neste álbum.
Espalha Brasa (Zequinha de Abreu / Marquez de Ripafloxa) Marcha-choro à ragtime: O sertão é também sinônimo de festa. O título dessa música celebra o encontro musical desse álbum, é “espalha brasa” entre viola caipira, violão sete cordas, cavaquinho e pandeiro. Um passeio entre um gênero musical urbano, o choro e um instrumento que canta os nossos sertões, a viola caipira.
Casar Não é Casaca (Zequinha de Abreu / Marquez de Ripafloxa) Maxixe: Tomei conhecimento deste maxixe dançante, que nos remete ao começo do século XX, também por meio de uma gravação da pianista Eudóxia de Barros. O espírito altivo e alegre desta música não poderia ficar de fora da seleção de repertório deste álbum.
Lina (Zequinha de Abreu) Valsa: As valsas também estão presentes no universo da música caipira, com um andamento lento e um ritmo bem marcado. Lina foi incluída no repertório do álbum como uma forma de reverenciar este ritmo, mas esta é uma valsa com características distintas das caipiras, pois tem um andamento mais rápido e fluido.
Balanço Capiau (Levi Ramiro) Maxixe caipira: Levi Ramiro é um violeiro, cantador, compositor e luthier; é um artista de inúmeras qualidades. “Balanço Capiau” é uma de suas composições instrumentais mais conhecidas, com um ritmo marcante do maxixe e melodias que exploram o idiomatismo da viola caipira.
SOBRE CAIO DE SOUZA
Caio de Souza atualmente mora nos Estados Unidos, onde cursa mestrado, com bolsa integral, em Etnomusicologia / Folclore na Indiana University. Mas, para chegar lá, o caminho do violeiro teve algumas relevantes paradas acadêmicas. Em 2010, na Universidade do Estado de Santa Catarina, o então violonista realizou uma pesquisa, por dois anos, sobre a obra para viola caipira do compositor paulista Theodoro Nogueira. Sete anos depois, ingressou no curso de viola c. aipira da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto.
No ano de 2014, Caio de Souza criou o Sexteto Clariô, com influências da música de concerto e das manifestações tradicionais brasileiras. Além de atuar ao lado de grandes nomes da música regional (Mestre Bule Bule, Juraildes da Cruz, Rubinho do Vale e da dupla caipira Zé Mulato e Cassiano), com o Clariô fez concertos didáticos em Santa Catarina e São Paulo e realizou uma turnê internacional, na França.
Em 2021, foi selecionado pela OneBeat Virtual Fellow – incubadora de empreendedorismo social baseado na música, apoiada pelo Departamento de Estado dos EUA – para colaborar por dois meses com artistas de todo o mundo. Seu primeiro trabalho, “Foi Amanhã, Será Ontem”, um EP em parceria com Arthur Boscato, saiu em 2019. “Urutu” (2020), com Letícia Leal, veio na sequência. Em 2022, lançou “No Pinicado na Viola”, série musical dividida em três episódios. Agora, Caio de Souza lança “Espalha Brasa – Zequinha de Abreu na Viola Caipira”, seu primeiro trabalho com o Caio de Souza Quarteto.
FICHA TÉCNICA
“Espalha Brasa – Zequinha de Abreu na Viola Caipira”
Com Caio de Souza Quarteto
Arranjos: Caio de Souza e Rodrigo Carneiro
Produção Musical: Caio de Souza
Direção Artística: Caio de Souza e Rodrigo Carneiro
Estúdio de Captação: Estúdio Conexão (São Paulo)
Engenheiro de Áudio: Ricardo Cassis
Mixagem: Caio de Souza e Rodrigo Carneiro
Masterização: Ricardo Vignini
Fotos: Guilherme Staine Prado
Design: Natália Resegue
Assessoria de Imprensa: Somar Comunicação Integrada (Miriam Roia e Vivi Drumond)
Distribuição: Tratore
SERVIÇOS DOS SHOWS
São Paulo
Data: sexta-feira, 2 de junho
Horário: 20h
Local: Lupe Bar (Rua Cunha Gago, 625 – Pinheiros)
Couvert Artístico: R$ 15
Rio de Janeiro
Data: quinta-feira, 15 de junho
Horário: 19h
Local: Casa do Choro – Auditório Radamés Gnattali (Rua da Carioca, 38 – Centro)
Ingressos: R$ 60 / R$ 30
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