O intercâmbio é possível: ex-moradora de um bairro periférico em São Paulo conquistou 2 intercâmbios e atua na área

Desiree Chantre, Analista de Marketing da Belta, cita 4 opções mais em conta para fazer intercâmbio

Realizar um intercâmbio está nos planos de muitas pessoas, mas muitos acreditam que é algo acessível apenas para os que têm condições financeiras melhores. Diversos fatores podem impedir alguém de fazer um intercâmbio. De acordo com a Pesquisa Selo Belta, ocupando a primeira posição, 19,1% dos estudantes planejam realizar um intercâmbio no segundo semestre de 2025. Mas um dos principais obstáculos para viagens internacionais estudantis é a desvalorização do Real em relação a outras moedas.

No entanto, apesar da desvalorização do Real, muitas pessoas encontram maneiras de estudar ou trabalhar em outros países. Isso pode ser alcançado através da elaboração de um plano financeiro, obtenção de bolsas de estudo, participação em programas de estudo mais acessíveis ou de curta duração. Explorar essas opções pode ajudar o estudante a encontrar um intercâmbio que se encaixe no orçamento, proporcionando ao mesmo tempo uma experiência valiosa e enriquecedora no exterior.

Um exemplo é Desiree Chantre, Analista de Marketing da Belta (Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio), 26 anos de idade, que mostra ser possível realizar um intercâmbio mesmo sem pertencer a uma família de alta renda. Nascida na Brasilândia, em São Paulo, viveu lá até os 12 anos, aproveitando oportunidades de estudo ao longo de sua adolescência e juventude.

Mesmo tendo nascida em um bairro periférico, ela reconhece os privilégios de ser uma mulher branca, mas destaca que muitas pessoas ainda julgam os moradores de bairros mais pobres, diminuindo seus interesses em educação, esporte, arte e cultura. “Muitos cursos gratuitos são oferecidos para estudantes de baixa renda e os pais também podem incentivar seus filhos nessa direção, pesquisando na internet, verificando em fábricas de cultura, centros culturais e até mesmo instituições que oferecem bolsas de estudo, como o SENAC. A preparação profissional e para o intercâmbio é fundamental, e muitas vezes essas oportunidades podem ser o pontapé inicial. Embora o intercâmbio ainda não seja acessível para todos, é uma oportunidade disponível não apenas para os ricos, como antigamente”, reforçou Chantre.

Desiree mencionou que sua trajetória educacional começou na primeira infância em uma escola pública. Mais tarde, teve a oportunidade de estudar no SESI Cachoeirinha, da zona norte de São Paulo, que naquela época oferecia bolsas para a comunidade. Embora o SESI não seja uma escola pública nem particular, ela continuou seus estudos lá até o 3º ano do ensino médio. Após concluir o ensino médio, Desiree entrou em um curso técnico gratuito de Química no SENAI, onde experimentou um choque cultural significativo, o que lhe proporcionou contatos fora da Brasilândia, ampliando suas perspectivas e horizontes educacionais.

O sonho de fazer intercâmbio surgiu na sua adolescência. “Desde cedo, eu pesquisava sobre intercâmbio, assistia vídeos no YouTube, lia blogs e compartilhava com a minha mãe, que mostrava desaprovação facial, pois na época não tínhamos condições financeiras. Durante a faculdade, participei de grupos estudantis, atlética e pesquisei se a instituição oferecia programas de internacionalização”, contou Desiree.

Quando estava no 3º ano da faculdade, Desiree conseguiu realizar seu primeiro intercâmbio com o apoio da atlética da instituição. Na época, cursava Comunicação Social em Rádio e TV. A oportunidade surgiu para Cordoba, uma cidade na Argentina, onde a moeda local estava muito desvalorizada, tornando o intercâmbio bastante acessível. Participou de um programa de trabalho voluntário, onde fez amizades com pessoas de diversas partes do Brasil, como Salvador, Campo Grande, Florianópolis, Recife e Natal.

Neste ano de 2024, ela conseguiu realizar outra experiência internacional, desta vez para Cardiff – País de Gales, onde participou de um curso de inglês de um mês. “Quando entrei na Belta, há 3 anos, como colaboradora, um dos benefícios era o suporte para realizar o intercâmbio. Escolhi o Reino Unido, um destino aproximadamente sete vezes mais caro que o valor em Real. Mas optei por uma cidade menos conhecida e mais barata que Londres, o que proporcionou uma experiência mais econômica e estruturada. Existem formas de economizar e recuperar o valor investido, escolhendo destinos que permitem estudar e trabalhar, como Irlanda, Austrália, Nova Zelândia e Emirados Árabes. Conheço pessoas que escolheram o programa de ‘estudo e trabalho’ e além das atividades mais comuns de cleaner e garçom, começaram a trabalhar como barbeiros, vendendo marmitas brasileiras e até serviços de manicure. Nessa última experiência, fiz um curso de inglês geral durante um mês, aproveitando minhas férias do trabalho. No entanto, para me preparar financeiramente, precisei de mais de um ano”, frisou Desiree.

Comparação de Gastos: Argentina vs Reino Unido:

• Argentina: R$4.000,00 a R$5.000,00, com tudo incluso (passagem, acomodação, alimentação), para 2 meses de intercâmbio em 2019.
• Reino Unido: R$12.000,00 a R$13.000,00, incluindo apenas curso e acomodação em 2024.

A relevância do intercâmbio para a vida profissional e pessoal:

“Pessoalmente, o intercâmbio representou um marco na forma como enxergo o mundo. Houve um ‘antes’ e ‘depois’ na minha vida após essa experiência. Esse tempo me proporcionou não apenas autoconhecimento e autoconfiança, mas também a oportunidade de explorar e entender outras culturas, além de valorizar ainda mais meu país. As amizades que fiz durante esse período são para a vida toda”, destacou ela.

No aspecto profissional, dominar idiomas como inglês e espanhol fez toda a diferença. Isso a colocou à frente em entrevistas de emprego e a destaca entre os demais profissionais. “A inclusão da experiência internacional no currículo além de me proporcionar novas oportunidades de trabalho, proporciona mais temas para conversas, facilita a integração no ambiente corporativo e me permite falar com propriedade sobre destinos internacionais. Além disso, desenvolvi habilidades interpessoais muito importantes para o mercado de trabalho e para minha evolução profissional, como empatia, pensamento crítico, liderança, inteligência emocional e capacidade de resolução de problemas”, complementou.

Outras oportunidades que o intercâmbio oferece:

Infelizmente, no Brasil não existe um curso específico para se tornar um consultor de intercâmbio. Por outro lado, as pessoas que realizam um intercâmbio adquirem habilidades que as capacitam a trabalhar nessa área com mais propriedade. Por isso, a maioria dos consultores das agências de intercâmbio também são ex-estudantes, abrindo uma nova oportunidade de trabalho após essa experiência.

Para você que deseja viver um intercâmbio, Desiree cita 4 dicas para fazer um programa internacional mais em conta:

1 – Tenha paciência e planeje com tempo: para quem não nasceu em uma família com dinheiro, o sonho do intercâmbio pode demorar, mas é preciso persistir, se dedicar, buscar oportunidades e ter paciência. Enquanto ainda não tem condições financeiras para a viagem, pode se preparar de outras formas, como estudando o idioma, pesquisando sobre as melhores oportunidades e conquistando novas posições profissionais que possibilitem a realização do programa. Um grande exemplo de persistência é que os intercâmbios para pessoas acima dos 40 anos estão crescendo cada vez mais, porque nunca é tarde para realizar um sonho;

2- Busque opções mais baratas: por exemplo, em Malta, um curso de inglês com duração de 1 mês pode custar metade do que o mesmo curso em Londres. Outra opção mais acessível é estudar espanhol na América Latina e aproveitar os destinos que não exigem vistos, reduzindo custo e tempo no processo. Outro tipo de intercâmbio super famoso e mais em conta é o programa Au Pair, comum nos EUA, em que os participantes recebem um salário semanal para cuidarem de crianças em uma casa de família;

3 – Planejamento financeiro: neste momento, pode ser que você não esteja preparado para um intercâmbio, mas no futuro, sim. Sonhar nunca é demais; organizar-se financeiramente pelo menos um ano antes é essencial. Fazer uma renda extra também pode ajudar, como vender bolos na faculdade ou trabalhar em um bar nos fins de semana. Pense sobre quais sacrifícios estaria disposto(a) a fazer para realizar esse sonho. Além disso, verifique as opções de pagamento e parcelamento com a sua agência de intercâmbio e opções de financiamento estudantil. Quando você estabelece um plano na sua vida, é importante lutar por ele;

4- Procure por Bolsas: na internet você pode procurar por bolsas e oportunidades de estudo, como por exemplo: o Campus France, a agência oficial do governo francês responsável pela promoção do ensino superior na França, oferecendo bolsas de graduação em inglês e francês. Além disso, em muitos países, as bolsas não são iguais às do Brasil, normalmente são parciais, por mérito e após o início do curso.

“É crucial distinguir bolsas legítimas de golpes, verificando diretamente nos sites das universidades e consultando agências especializadas que oferecem descontos e suporte personalizado para estudantes”, finalizou Desiree.

Sobre a Belta

Criada há mais de 30 anos, a Belta – Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio — visa promover a educação internacional no país. Como única associação das Agências de Intercâmbio do Brasil que oferece programas para todo o mundo e sem fins lucrativos, tem como foco certificar com o Selo Belta agências confiáveis no setor, por meio de um processo cuidadoso de análise financeira, técnica e idoneidade das agências. Atualmente, as agências especializadas Selo Belta representam 70% do mercado de educação internacional no Brasil, tendo cerca de 500 pontos de venda em todo o Brasil, 62 associadas colaboradoras que são associações internacionais de instituições de ensino de idiomas, universidades e redes de escolas internacionais, assim como prestadores de serviços afins ao segmento. A qualidade dessas empresas é atestada pelo Selo Belta, oferecendo credibilidade no Brasil e no exterior. A Belta tem prêmios acumulados ao longo desses anos, entre eles, o prêmio internacional STM Awards, considerado o Oscar do segmento de intercâmbio. Foi a primeira associação de agências de intercâmbio que, após receber 5 vezes essa premiação, alcançou o hall da fama. Conheça mais, aqui!